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Ancelotti e o Botafogo: 15 Escalações Diferentes em 16 Jogos. Impacto na Performance?
Por Redação FutFogão em 15/09/2025 00:12
O revés de 1 a 0 para o São Paulo, pela 23ª rodada do Campeonato Brasileiro, não apenas encerrou uma sequência de dez jogos de invencibilidade do Botafogo, mas também acendeu um sinal de alerta sobre a gestão tática da equipe. No Morumbis, o técnico Davide Ancelotti apresentou uma formação com modificações significativas, optando por deixar peças como Barboza, Alex Telles e Marlon Freitas no banco, e escalando três volantes. A surpresa maior foi a utilização de Danilo, um meio-campista de ofício, na ponta direita. Tais escolhas, longe de serem isoladas, são parte de um padrão que tem marcado a passagem do treinador italiano pelo clube.
A pergunta que ecoa nos bastidores e entre a torcida é pertinente: falta sequência ao time? Desde sua estreia contra o Vasco, o comandante alvinegro tem promovido uma rotação quase constante no elenco titular. Em sua gestão, os 11 iniciais foram repetidos em apenas duas ocasiões: no empate sem gols com o Vitória e na derrota por 2 a 0 para o Cruzeiro. Essa busca incessante por uma formação ideal, ou a incapacidade de mantê-la, é um dos pontos mais debatidos sobre o trabalho de Ancelotti.
A Rotação Incessante de Ancelotti no Botafogo
A derrota para o São Paulo expôs a vulnerabilidade de um time que parece ainda não ter encontrado sua identidade. A cada partida, uma nova configuração, um novo desafio para a coesão do grupo. A ausência de Marlon Freitas , por exemplo, foi justificada por Ancelotti, mas sua entrada posterior em campo levanta questionamentos. "O Marlon Freitas não treinou. Não teve uma lesão, mas teve um hematoma. Entrou hoje mais porque eu precisava do capitão. O time perdeu completamente a organização. Precisávamos de um jogador no campo para ajudar nos últimos 30 minutos nesse sentido", explicou o treinador. Essa declaração, por si só, sugere uma certa improvisação tática, onde a necessidade de organização sobrepõe a preparação prévia.
As justificativas para as constantes alterações são variadas, abrangendo desde problemas médicos e desgaste físico até saídas de atletas e opções técnicas. Barboza, segundo Ancelotti, "jogou o jogo importante contra o Vasco, mas vem de atuar em partidas onde não está 100%. É uma questão física também". Alex Telles , por sua vez, foi poupado "pela sequência de jogos". No entanto, a soma dessas justificativas resulta em um dado incontestável: o Botafogo de Davide Ancelotti teve 15 variações de escalação em 16 jogos, um número que gera preocupação sobre a construção de uma base sólida para o elenco .
Justificativas e Questionamentos Táticos
A incessante busca por um encaixe ideal, ou a resposta a contingências, tem sido a tônica da gestão de Ancelotti. A "falta de ponta direita", mencionada pelo próprio técnico, é um exemplo de como lacunas no elenco podem influenciar diretamente as decisões táticas, levando a adaptações como a de Danilo na posição. Contudo, a frequência com que essas adaptações ocorrem sugere uma dificuldade em estabelecer um modelo de jogo consistente e replicável, algo fundamental para equipes que almejam estabilidade e sucesso a longo prazo.
As avaliações pós-jogo frequentemente apontam para as escolhas do treinador como um fator decisivo, especialmente em derrotas. A percepção de decisões erradas, como a de utilizar Danilo fora de sua função principal ou de manter jogadores importantes no banco em momentos cruciais, alimenta o debate sobre a eficácia de uma rotação tão intensa. A busca por soluções emergenciais pode, ironicamente, gerar mais problemas do que resolver, impactando a confiança dos jogadores e a compreensão coletiva das estratégias.
O Mosaico de Escalações: Uma Visão Detalhada
Para ilustrar a dimensão dessa variação, apresentamos abaixo um panorama das 15 escalações distintas utilizadas por Davide Ancelotti em seus 16 compromissos à frente do Botafogo . Cada formação representa uma tentativa, uma adaptação ou uma resposta a um contexto específico, formando um verdadeiro mosaico tático.
| Jogo | Escalação (Variação) | Jogadores em Campo |
|---|---|---|
| Vasco 0 x 2 Botafogo | 1 | John; Vitinho, Kaio Pantaleão, Barboza, Alex Telles; Gregore, Marlon Freitas; Artur, Savarino, Montoro; Arthur Cabral. |
| Botafogo 0 x 0 Vitória | 2 | John; Vitinho, Kaio Pantaleão, Barboza, Alex Telles; Allan, Marlon Freitas; Artur, Savarino, Montoro; Arthur Cabral. |
| Sport 0 x 1 Botafogo | 3 | John; Vitinho, Kaio Pantaleão, Barboza, Alex Telles; Newton, Marlon Freitas; Artur, Joaquín Correa, Montoro; Arthur Cabral. |
| Botafogo 1 x 1 Corinthians | 4 | John; Mateo Ponte, Kaio Pantaleão, Barboza, Alex Telles; Allan, Newton; Nathan Fernandes, Montoro, Joaquín Correa, Arthur Cabral. |
| Botafogo 2 x 0 Bragantino (Copa do Brasil) | 5 | John; Vitinho, Kaio Pantaleão, Barboza, Cuiabano; Newton, Marlon Freitas; Artur, Savarino, Montoro; Arthur Cabral. |
| Botafogo 0 x 2 Cruzeiro | 2 | John; Vitinho, Kaio Pantaleão, Barboza, Alex Telles; Allan, Marlon Freitas; Artur, Savarino, Montoro; Arthur Cabral. |
| Bragantino 0 x 1 Botafogo (Copa do Brasil) | 6 | Léo Linck; Vitinho, Barboza, David Ricardo, Alex Telles; Newton, Marlon Freitas; Nathan Fernandes, Santi Rodríguez, Savarino, Joaquín Correa. |
| Fortaleza 0 x 5 Botafogo | 7 | Léo Linck; Vitinho, David Ricardo, Marçal, Alex Telles; Newton, Danilo; Artur, Savarino, Montoro; Arthur Cabral. |
| Botafogo 1 x 0 LDU (Libertadores) | 8 | John; Vitinho, Barboza, David Ricardo, Alex Telles; Danilo, Marlon Freitas; Artur, Savarino, Montoro; Arthur Cabral. |
| Botafogo 0 x 1 Palmeiras | 9 | John; Mateo Ponte, Marçal, Barboza, Alex Telles; Allan, Marlon Freitas; Santi Rodríguez, Matheus Martins, Joaquín Correa, Nathan Fernandes. |
| LDU 2 X 0 Botafogo (Libertadores) | 10 | John; Vitinho, Marçal, Barboza, Alex Telles; Allan, Marlon Freitas, Danilo; Artur, Savarino, Matheus Martins. |
| Juventude 1 X 3 Botafogo | 11 | Neto; Vitinho, David Ricardo, Barboza, Alex Telles; Newton, Marlon Freitas; Jeffinho, Joaquín Correa, Montoro; Arthur Cabral. |
| Vasco 1 x 1 Botafogo (Copa do Brasil) | 12 | John; Vitinho, Kaio Pantaleão, Barboza, Alex Telles; Danilo, Marlon Freitas; Artur, Montoro, Chris Ramos, Arthur Cabral. |
| Botafogo 4 x 1 Bragantino | 13 | Neto; Vitinho, Kaio Pantaleão, David Ricardo, Marçal; Newton, Danilo; Santi Rodríguez, Savarino, Jeffinho; Arthur Cabral. |
| Botafogo 1 x 1 Vasco (Copa do Brasil) | 14 | Neto; Mateo Ponte, Kaio Pantaleão, Barboza, Alex Telles; Newton, Marlon Freitas; Santi Rodríguez, Joaquín Correa, Jeffinho; Arthur Cabral. |
| São Paulo 1 x 0 Botafogo | 15 | Neto; Vitinho, Kaio Pantaleão, David Ricardo, Marçal; Allan, Newton; Danilo, Savarino, Jeffinho; Chris Ramos. |
O cenário apresentado pela tabela é um reflexo claro da dinâmica de Ancelotti no Botafogo . Em um futebol cada vez mais competitivo, onde a sincronia e o entrosamento são cruciais, a ausência de uma base sólida pode custar caro. A equipe, embora tenha demonstrado momentos de brilho, como a sequência de invencibilidade, parece lutar para encontrar uma identidade duradoura. A capacidade de reverter esse quadro e estabelecer uma maior consistência tática será determinante para as ambições do Glorioso na temporada.
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