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Alexander Barboza: A Trajetória de um Ídolo desde as Ruas de Buenos Aires ao Botafogo

Por Redação FutFogão em 20/02/2025 08:11

Raízes e Recepção Triunfal: A Essência de Barboza em Villa Celina

É quase impossível adentrar o bairro Villa Celina, situado na zona norte de Buenos Aires, e não perceber de imediato que ali reside o coração de Alexander Barboza. As ruas estreitas, adornadas por casas modestas e um ritmo de vida tranquilo, conferem uma identidade singular a este lugar, que se orgulha de exibir um mural de aproximadamente 20 metros quadrados em homenagem ao zagueiro do Botafogo, complementado por uma faixa que se estende em frente à residência de seus pais.

Essa faixa, mais do que um simples adorno, representa o caloroso acolhimento dedicado ao defensor sempre que ele retorna à Argentina. Apesar de ter deixado a região aos 19 anos, Barboza faz questão de revisitar seu antigo bairro em cada oportunidade que surge para estar em sua cidade natal.

O carinho e a admiração da comunidade local são evidentes, transformando Villa Celina em um verdadeiro santuário dedicado ao jogador. A homenagem no mural e a faixa em frente à casa dos pais simbolizam o orgulho que Barboza inspira em seus conterrâneos, que acompanham atentamente sua trajetória e celebram cada conquista como se fosse sua.

Laços Familiares: O Alicerce na Trajetória de Barboza

O portal ge teve o privilégio de visitar a casa onde Barboza cresceu, um lar que agora abriga sua mãe, Mônica, seu pai, Esteban, e sua irmã caçula, Isabella, com apenas sete anos de idade. Mantendo contato diário com o zagueiro, a família compartilha com entusiasmo fotografias que retratam diferentes fases da vida do atleta.

Esteban, com um brilho nos olhos, desafia: "Adivinha qual deles é o Barboza?". A imagem revela três crianças, mas apenas uma delas exibe uma expressão séria, um traço que ainda acompanha o zagueiro do Botafogo em seu dia a dia. Os pais revelam que essa personalidade forte e reservada é inerente a ele, embora se mostre mais afetuoso e descontraído no seio familiar.

Apesar da distância física, a família permanece unida e demonstra um apoio incondicional a Barboza. As conversas por videochamada são repletas de carinho e palavras de incentivo, fortalecendo os laços que os unem. Mônica, a matriarca, confessou ter ficado com o "coração em pedaços" após a expulsão do filho no clássico entre Flamengo e Botafogo , um momento que evidenciou a intensidade emocional que envolve a carreira do jogador.

Temperamento Forte e Amor pelos Animais: Faces de um Ídolo

Esteban, vestindo orgulhosamente a camisa do Botafogo , compartilha memórias da infância de Barboza, descrevendo-o como um menino "temperamental" que, desde cedo, demonstrava uma personalidade marcante. "Sempre foi muito temperamental e isso foi uma coisa que tratamos de corrigir, que ele não precisava ter tanto ímpeto, mas ele é assim. Desde pequenininho é assim. Se eu lhe dissesse algo, me mandava calar a boca. Me olhava e dizia: ?hey, shiu?, para eu ficar em silêncio", relembra o pai.

Apesar da seriedade, Barboza demonstra um lado mais afetuoso e amável em contato com sua mãe. A distância, ironicamente, intensifica esses momentos de carinho e proximidade. Mônica revela que o filho a procurou após o fatídico clássico contra o Flamengo, mostrando a lesão sofrida: "Foi provocado e, depois, recebeu o golpe sem ver. Estava falando com outra pessoa e nem viu quem o atingiu com o cotovelo", lamenta a mãe, demonstrando sua preocupação com o bem-estar do filho.

Além dos laços familiares, Barboza nutre um grande amor pelos animais. Três cães da raça labrador, Muñeca, Gigo e Lola, foram adotados em 2015 e permanecem sob os cuidados dos pais do jogador em Buenos Aires. A presença dos animais de estimação traz alegria e conforto à família, representando mais um elo de ligação entre Barboza e suas raízes.

Do Futsal aos Gramados: A Formação de um Talento

Jorge Isamat, o primeiro treinador de Barboza, acompanhou o desenvolvimento do jogador desde os quatro até os 11 anos nas quadras de futsal. Para ele, a personalidade forte do atleta sempre foi um diferencial. "Como jogador de futebol, digo a verdade, não o ensinei a jogar futebol. Procurei aperfeiçoar todos os defeitos e todas as coisas que conheci por ter jogado futebol. Acompanhei toda a caminhada dele, e sabia (desde cedo) que ele era jogador de futebol. Com quatro anos, já tinha a postura, o temperamento combinava com ele. Porque às vezes jogar bem não significa que ele vai ser jogador, mas ele já tinha temperamento, já era líder. A personalidade dele era diferente da de todos os meninos.", relembra Isamat.

Isamat recorda um episódio marcante em que Barboza, mesmo sob pressão, se recusou a passar a bola, demonstrando sua determinação e individualidade. "Quando jogávamos, eu ficava nervoso porque não conseguiam tirar a bola dele. Lembro de uma vez em que insisti para ele dar o passe, disse: ?Dá um passe para ele, dá um passe para ele?, mas ele não deu. Então, coloquei todo mundo contra ele e ele venceu sozinho", conta, rindo.

O treinador também destaca a importância do trabalho realizado para aprimorar o uso da perna direita de Barboza, já que o jogador era predominantemente canhoto. "Ele tinha um pé esquerdo lindo, mas o que eu tentava aperfeiçoar continuamente era ele jogar com a perna direita. Falava: ?perna direita, perna direita, um jogo com uma perna só é inútil?."

A Trajetória nos Clubes: Do Boca Juniors ao River Plate

Apesar de ter se destacado nas categorias de base do River Plate, Barboza teve uma breve passagem pelo Boca Juniors, onde atuou por três anos. A mudança para o River Plate foi motivada por uma proposta mais vantajosa, que incluía o custeio das despesas escolares do jogador.

Esteban, pai de Barboza, relembra o impacto da transferência para o River Plate: "Me tocou muito quando ele foi para o River, e tinha começado a jogar no Boca. É como passar de Botafogo para Flamengo. Quando ele foi para o River me chamou a atenção que todos o conheciam, todos sabiam quem ele era, mas ele só tinha 10 anos. E nesse momento todos sabiam quem era Alexander Barboza. Isso me impactou muito", confessou.

Após ascender ao profissional pelo River Plate, Barboza passou pelo Atlético Rafaela antes de retornar ao clube que o revelou. Sua passagem pelo Defensa y Justicia foi um marco em sua carreira, onde o time se destacou pelo estilo de jogo agressivo e pela forte marcação.

Em entrevista ao ge, em novembro de 2024, Barboza relembrou sua passagem pelo Defensa y Justicia: "(Defensa y Justicia) Era uma máquina. Lamentavelmente não ganhamos nada, mas ficamos muito perto, como um time muito pequeno na Argentina. Ficou conhecido pelo jogo da pressão, do cruzamento. Lisandro (Martínez, zagueiro, hoje no Manchester United) brigava com a gente para que as coisas saíssem bem, e acho que foi o momento da minha carreira em que eu mais evoluí".

Homenagem e Legado: Um Ídolo para o Bairro

Após a conquista da Libertadores, o artista argentino Marley concretizou um desejo de Esteban, pai de Barboza, e criou um painel em homenagem ao jogador em uma fachada próxima à sua casa. A obra retrata Barboza vestindo a camisa do Botafogo e exibe a frase "orgulho do bairro", celebrando a trajetória do atleta.

Marley, que também cresceu na periferia de Buenos Aires, expressou sua satisfação em homenagear Barboza: "O que a gente sempre tenta fazer é desenhar quem do nosso bairro faz sucesso e acrescentar algumas pequenas frases, algo para que as crianças possam admirar e saber que isso pode ser alcançado. O pai nos contratou para isso, mas ainda íamos fazer sem o pai nos contratar", disse o artista.

O mural se tornou um ponto de referência no bairro e foi compartilhado por Barboza em suas redes sociais, demonstrando seu orgulho e gratidão pela homenagem. "Toda vez que ele tem oportunidade, ele vem ao bairro, vem ver os amigos, leva a camisa. Não esquecemos. Nós o respeitamos, admiramos e temos orgulho por algo tão grande ser atingido por alguém do nosso bairro. Queríamos fazer do fundo do coração, mas o pai nos obrigou a cobrar.", brincou Marley.

Amizade e Apoio: Os Pilares Fora de Campo

A cinco minutos da casa dos pais de Barboza, encontra-se o campo onde o jogador passava horas jogando com amigos. Um desses amigos, Gonzalo, mantém a amizade com Barboza até hoje e o descreve como um companheiro "difícil", mas sempre leal.

"Ele era muito forte e sempre brigava com todos os companheiros", disse, rindo, e depois voltando atrás: - "Não, é brincadeira". Gonzalo acrescenta: "Eu atacava e ele me defendia bem sempre. É muito bom. Entre nós ele sempre foi uma estrela".

Além dos amigos, Barboza conta com o apoio incondicional de sua família, em especial de seu primo Lucas, que se tornou seu braço direito em Buenos Aires. Lucas acompanhou Barboza em momentos importantes de sua carreira e se orgulha das conquistas do primo. "É meu primo, mas é como um irmão desde sempre. Me ajudou muito quando eu precisei, e isso significou muito para mim. É padrinho do meu filho, o amo, e sei que ele me quer muito bem pela forma que age e como se comporta comigo. Estou muito orgulhoso dele e de tudo o que está vivendo. Merece porque lutou muito desde muito pequeno.", finaliza Lucas.

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